Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom e Marcelo Camargo / Agência Brasil
O ministro da Casa Civil, Rui
Costa (PT), e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), se
encontraram nesta quarta-feira (31) na residência oficial da presidência da
Casa, em Brasília. A informação foi confirmada à reportagem por membros da Casa
Civil.
O encontro ocorreu na esteira do
afastamento entre Lira e o ministro da Secretaria de Relações Institucionais
(SRI), Alexandre Padilha (PT), responsável pela articulação com o Congresso
Nacional.
Segundo relatos, Lira tem
elevado o tom das críticas a Padilha, dizendo que ele não tem mais
credibilidade entre parlamentares porque não estaria cumprindo acordos que
teriam sido firmados --reforçando a interlocutores o desejo de que ele deixe o
cargo. Desde o fim do ano passado, ele e aliados têm defendido nos bastidores a
troca do titular da pasta por alguém de fora do PT.
Integrantes do governo dizem que
o movimento de Rui não significa um atropelo às atribuições de Padilha, pois
coube à Casa Civil articular com o Congresso temas como o veto às emendas.
Como a Folha de S.Paulo mostrou,
em dezembro, o presidente da Câmara levou essas queixas ao próprio presidente
Lula (PT).
Às vésperas do retorno do
Congresso, o deputado alagoano, segundo relatos de parlamentares, chegou a
pedir ajuda para elevar a pressão contra Padilha.
Apesar disso, interlocutores de
Lula afirmam que o presidente não pretende mexer no comando da SRI, mesmo
diante destes movimentos. Entre aliados do petista, há uma avaliação de que boa
parte das insatisfações de membros do centrão na Câmara decorre do fato de o
grupo ter perdido a gerência exclusiva da distribuição de emendas que tinha sob
o governo Jair Bolsonaro (PL).
Pessoas próximas a Padilha
reconhecem que a relação com Lira não está em seu melhor momento. No entanto,
afirmam que não acham que esses ruídos trarão prejuízos à pauta do governo no
Congresso, porque não consideram que houve um rompimento entre Lira e o
ministro.
De acordo com relatos, no
encontro com o ministro da Casa Civil nesta quarta, Lira voltou a reclamar da
baixa execução de emendas no fim de 2023 e tratou do veto de Lula de R$ 5,6
bilhões às emendas de comissão dos parlamentares, que tende a ser derrubado.
A aliados, Lira tem dito que a
Câmara tem maioria para derrubar o veto às emendas. Além disso, o recesso de
janeiro não foi capaz de amenizar a insatisfação da cúpula da Casa com a
articulação política do governo, cujo principal responsável é o ministro petista
Alexandre Padilha.
Como mostrou a Folha de S.Paulo,
integrantes do alto escalão do Congresso reclamam que, no fim do ano passado, o
governo, principalmente o Ministério da Saúde, fez repasses a municípios na
forma de emendas abaixo do esperado pelos parlamentares. Como o dinheiro não
chegou no cofre de prefeitos, a pressão política subiu.
A pessoas próximas, Lira tem
dito que a baixa execução das emendas no fim do ano reforça a tendência de
derrubada do veto. Isso garantiria ainda mais recursos para deputados e
senadores abastecerem suas bases políticas em ano eleitoral.
A operação deflagrada pelo
governo para dar uma justificativa à cúpula do Congresso sobre a tesourada na
verba de interesse dos parlamentares, portanto, não tem dado resultado efetivo.
Ainda não há previsão de quando
esse veto será votado. A análise depende de uma sessão do Congresso a ser
convocada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Integrantes do governo têm
buscado traçar a líderes parlamentares um cenário de dificuldade orçamentária
que precisa ser considerado.
Ainda segundo relatos, Rui Costa
e Lira teriam conversado nesta quarta também sobre o Novo PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento), programa vitrine da terceira gestão de Lula e que
fica sob a alçada da Casa Civil.