Foto: Bárbara Dantheias/ Sesa
O número de casos de dengue nas duas primeiras semanas de 2024 foi mais
do que o dobro do registrado no mesmo período do ano passado, segundo dados do
Ministério da Saúde.
Nas duas primeiras semanas deste ano, houve 55.859 casos prováveis de dengue no
país. Seis pessoas morreram por complicações da doença. A incidência de casos
neste ano é de 27,5/100 mil habitantes.
No mesmo período de 2023, haviam sido registrados 26.801 casos, com 17 mortes.
O aumento de casos ocorre em meio ao anúncio do governo de que o número de
doses da vacina de dengue só dará para imunizar no máximo 3 milhões de pessoas
em 2024.
Considerada pelo ministério como a arbovirose urbana mais prevalente nas
Américas, principalmente no Brasil, a dengue é transmitida pela picada da fêmea
do mosquito Aedes aegypti.
O período do ano com maior transmissão é justamente nos meses mais
chuvosos de cada região, geralmente de novembro a maio, e, portanto, o alerta é
para o combate ao mosquito.
Água parada é o principal foco, e os ovos do mosquito podem sobreviver por um
ano no ambiente.
A infectologista Luana Araújo afirma que o cenário para 2024 é
"extremamente preocupante com relação às arboviroses de uma forma
geral" em razão do momento climático favorável para a proliferação do
mosquito - por causa do El Niño, que vem com calor intenso e muita chuva.
Ela ressalta a necessidade de diminuir a presença do mosquito.
"É muito importante que as pessoas cuidem de suas casas, aquilo que a
gente sempre falou a vida inteira: pratinho de planta, garrafa retornável que
está coletando água e não tem um escoamento, bandeja de degelo de geladeira,
fonte em quintal, fontes ornamentais, depósitos, coisas ao ar livre, tudo isso
pode coletar água. É de responsabilidade da gente, enquanto cidadão, cuidar de
casa para diminuir isso", afirma.
Surto no RJ
No Rio de Janeiro, mais de 4 mil casos de dengue foram registrados em 13
dias. O número representa alta de 669%, segundo dados do Ministério da Saúde.
Em 2023, no mesmo período, 566 casos foram registrados no estado.
Vacina contra a dengue
Vacina contra a dengue Qdenga foi aprovada pela Anvisa — Foto: Reprodução EPTV
Em dezembro do ano passado, o Ministério da Saúde anunciou a incorporação da
vacina da dengue Qdenga ao Sistema Único de Saúde (SUS). Na ocasião, a
ministra, Nísia Trindade, disse que o novo imunizante deverá começar a ser
aplicado em fevereiro deste ano.
O ministério deve priorizar a imunização de crianças e jovens de 6 a 16 anos. A
definição sobre por qual faixa etária e grupo a vacinação começará, além da
quantidade de doses a ser distribuída aos estados, será tomada nas próximas
semanas.
A Qdenga é um imunizante contra a dengue desenvolvido pelo laboratório japonês
Takeda Pharma.
A farmacêutica conseguiria entregar de fevereiro até novembro cerca de 5
milhões de doses. No entanto, esse número seria menor em volume de pessoas
imunizadas, já que são necessárias duas doses para o ciclo completo.
O Ministério da Saúde ainda está em tratativas para receber doações. Com isso,
a quantidade de doses pode chegar a 6 milhões de doses.
Combate ao aedes
Entre as ações de combate à dengue, o ministério informou que foram
distribuídos cerca de 175 mil testes aos estados para fazer a testagem da
população.
Para a infectologista Luana Araújo, essa quantidade não será suficiente para o
número de casos projetados, mas que também, em razão da validade dos testes,
não é recomendável entregar a quantidade total agora.
Também foram distribuídas pelo ministério cerca de 30 toneladas de inseticidas
utilizados no combate das larvas e dos mosquitos adultos. A pasta disse ainda
que repassou neste ano R$ 256 milhões para ações de fortalecimento da
vigilância e combate de endemias, com foco nas arboviroses.
Outras medidas incluem a implantação de uma Sala Nacional de Arboviroses (para
tratar do controle, pesquisa e resposta) e a capacitação de médicos e
enfermeiros. Além disso, o ministério tem programado apoio técnico a estados e
municípios com aumento de casos.