Dinheiro Crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da
Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) com base no imposto de renda mostra que os
mais ricos estão concentrando cada vez mais renda no Brasil.
Entre as evidências mais importantes da análise,
destaca-se no período recente o crescimento da renda dos muito ricos a um ritmo
duas a três vezes maior do que a média registrada por 95% dos brasileiros. “O
que, ao que tudo indica, a confirmar-se por estudos complementares, elevou o
nível de concentração de renda no topo da pirâmide para um novo recorde
histórico, depois de uma década de relativa estabilidade da desigualdade”, diz
a pesquisa.
O levantamento divide os estratos em o milésimo
(0,1%) mais rico, o 1% mais rico, os 5% mais ricos e os 95% restantes da
população adulta (com 18 anos ou mais de idade). “E o que se vê é que, além dos
mais ricos terem, em média, maior crescimento de renda do que a base da
pirâmide, a performance é tanto maior quanto maior é o nível de riqueza”,
conclui o IBRE/FGV.
Ou seja, enquanto a maioria da população adulta teve
um crescimento nominal médio de 33% em sua renda no período de cinco anos,
marcado pela pandemia, a variação registrada pelos mais ricos foi de 51%, 67% e
87% nos estratos mais seletos. Entre os 15 mil milionários que compõe o 0,01%
mais rico, o crescimento foi ainda maior: 96%.
Como resultado disso, a proporção do bolo apropriada
pelos 1% mais rico da sociedade brasileira cresceu de 20,4% para 23,7% entre
2017 e 2022, mais de quatro quintos dessa concentração adicional de renda foi
absorvida pelo milésimo mais rico, constituído por 153 mil adultos com renda
média mensal de R$ 441 mil em 2022.
Os resultados da análise com base nos dados do
imposto de renda servem de alerta sobre o processo de reconcentração de renda
no Brasil e sobre os vetores que mais contribuem para isso: os rendimentos
isentos ou subtributados que se destacam como fonte de remuneração principal
entre os super ricos.
“Em resumo, ainda é cedo para avaliar se o aumento da
concentração de renda no topo é fenômeno estrutural ou conjuntural, mas as
evidências reunidas reforçam a
necessidade de revisão das isenções tributárias atualmente concedidas pela
legislação e que beneficiam especialmente os mais ricos”, finaliza Ibre/FGV.
Por Agência Brasil