Foto: Marcelo Camargo / Agência
Brasil
Para o governador de São Paulo,
Tarcísio de Freitas (Republicanos), as câmeras corporais em fardas de policiais
militares, parte de programa que reduziu a letalidade dos agentes no estado,
não têm efeito na segurança da população. "Qual é a efetividade da câmera
corporal na segurança do cidadão? Nenhuma."
Ele disse que vai cumprir os
contratos existentes dos equipamentos, mas indicou que não deve investir mais
recursos na modalidade. Em vez disso, defendeu que novas verbas sejam usadas em
ações que considera melhores para dar segurança à população, como tecnologia e
inteligência artificial.
Como mostrou a Folha de S.Paulo,
a gestão fez cortes no programa de Câmeras para custear outras despesas, como o
pagamento de diárias agentes.
As declarações foram dadas por
Tarcísio em uma entrevista à TV Globo, exibida na manhã desta terça-feira (2),
sobre um balanço do primeiro ano de gestão à frente de São Paulo. Para ele, o
governo deve reforçar a presença de policiais em áreas com mais ocorrências,
com 5.000 agentes e 500 viaturas a mais no centro da capital paulista, por
exemplo.
Ainda, disse que o governo
autorizou a contratação de 13 mil novos agentes e que deve investir em bases
móveis de policiamento.
O governador citou aumentos na
apreensão de drogas e a diminuição de furtos e roubos na região central da
cidade de São Paulo, e criticou a soltura de presos por furtos e roubos após
audiências de custódia. Também disse que tem debatido com outros governadores
sugestões para sugerir o endurecimento na legislação penal e de execuções
penais.
Enquanto o programa de câmeras
foi considerado parte importante na redução da violência estatal, uma marca do
governo no primeiro ano de gestão foi o aumento da letalidade policiap, segundo
dados da SSP (Secretaria da Segurança Pública), entre janeiro e novembro de
2023, como mostrou reportagem da Folha de S.Paulo.
O caso de mais impacto foi a
Operação Escudo, que deixou ao menos 28 mortos e se tornou a ação mais letal
das forças de segurança paulistas desde o massacre do Carandiru.
Em dezembro, dois policiais da
Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, tropa de elite da PM paulista) se
tornaram réus por uma morte e vão à Justiça, apesar de reiteradas declarações
do chefe da SSP, Guilherme Derrite, sobre a legalidade de todas as ocorrências.
Na entrevista, o governador
disse que, na hora de escolher onde gastar os recursos, o investimento em
tecnologias de monitoramento e reconhecimento facial deve ganhar mais espaço.
"É a melhor aplicação do recurso para trazer, de fato, segurança ao cidadão."
Ele citou que o investimento
deve ser de R$ 250 milhões em 2024, sendo R$ 158 milhões de recursos destinados
por deputados federais pelo estado de São Paulo. As ações incluem o uso de
monitoramento, tecnologia preditiva de comportamento criminoso e inteligência
artificial.
Logo no início da gestão, em
janeiro do ano passado, Tarcísio negou alterações no programa de câmeras
corporais nas fardas de policiais militares, um dia depois de uma declaração do
secretário Derrite, que havia falado em rever a medida.
Dados mostram que a letalidade
policial caiu após o início do programa de câmeras corporais. As mortes
decorrentes de intervenção policial caíram 85% nos batalhões com os
equipamentos em 2021. Já em 2022, a queda no número de mortos pela polícia no
estado com idades entre 10 e 19 anos foi de 80%, e acelerou após a
implementação dos dispositivos.
Sem citar o prefeito da capital,
Ricardo Nunes (MDB), Tarcísio ainda afirmou que não se preocupa com
protagonismo nas políticas para a região da cracolândia, no centro de São
Paulo, e prometeu mais ações de inteligência no combate ao tráfico de drogas e de
assistência para identificar os perfis de quem circula pela região.