Foto:
Andréa Rêgo Barros/PCR
Qual o
cenário do forró na Bahia dois anos após o gênero ser reconhecido como
Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional (Iphan)?
O título,
que foi dado pelo Iphan após doze anos de caminhada independente da Associação
Cultural Balaio do Nordeste e do Fórum Forró de Raiz, trouxe uma luz para a
data 13 de dezembro, que celebra o 'Dia do Forró', em uma referência ao
aniversário de Luiz Gonzaga, mas há quem diga que o holofote para as lutas dos forrozeiros na Bahia têm perdido força.
Em
entrevista ao Bahia Notícias, Alessandra Gramacho, coordenadora estadual do
Fórum Forró de Raiz na Bahia, informou que desde a data do reconhecimento do
Iphan até os dias de hoje, a luta é constante para que o forró seja protegido
como o patrimônio ao qual ele recebeu o título.
Segundo
a forrozeira, os Detentores da Comunidade Forrozeira, organizada através do
Fórum Nacional do Forró de Raiz e de vários fóruns estaduais na Região Nordeste
e Sudeste, aguardam o Iphan iniciar os encontros de salvaguarda com o núcleo da
Bahia, baseado nas propostas entregues pela classe, já que em outros estados o
pontapé foi dado no início do ano.
"Seguimos lutando por Políticas Estruturantes para o
Forró: política de estado baseada em leis, cuja execução é realizada
permanentemente, apesar do interesse dos governantes em exercício em vez de
Políticas de Governo", afirmou.
Um dos pleitos dos forrozeiros é a revisão da Lei da
Zabumba, projeto do deputado Zé Neto (PT), aprovado pela Assembleia Legislativa
em 2015, que previa uma cota de 60% do total dos recursos destinados a artistas
para aqueles que valorizam a cultura regional em festas como o São João e o
Carnaval.
"Solicitamos do governo a revisão e a sanção da Lei da
Zabumba para fortalecer a inclusão do Forró nos palcos juninos do interior da
Bahia e uma lei de fomento ao Forró como a de São Paulo, com edital que
contemple as diversas matrizes do forró para além do período junino e
julino."
Em
junho deste ano, o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou em regime de
urgência a lei Luiz Gonzaga 3083/2023, que prevê destinar 80% de recursos
públicos para festividades juninas em too território nacional, visando a
valorização do forró.
A lei, que se assemelha a proposta feita em 2015, foi
aprovada a poucos dias do São João. O projeto de autoria do cantor Armandinho,
da banda Fulô de Mandacaru, foi apresentado pelo deputado pernambucano Fernando
Rodolfo (PL). Na PL, a ideia é que os 20% restantes da verba direcionada para a
festa popular, seja destinada a contratação de atrações de outros ritmos
musicais, para mostrar a pluralidade da cultura junina.
Para Alessandra, a lei aprovada em junho deste ano é uma
forma de reparaãção aos anos que artistas do gênero perderam espaço nas festas. "É mais um instrumento para
salvaguardar o bem, que também pode se classificar como lei para reparação, já
que perdemos palcos, poder de produção e difusão, e o público também, que
perdeu o direito de ouvir e disfrutar de sua cultura", afirma.
A luta pelo reconhecimento estadual passa ainda por um
processo inédito apresentado em 2022, durante uma sessão extraordinária
realizada em Cachoeira, no recôncavo baiano, para tornar o estado como o
primeiro a obter o Registro de Patrimonizalização das Matrizes Tradicionais do
Forró.
O processo, que teve a frente o conselheiro e presidente da
CPHAAN, do Conselho Estadual de Cultura da Bahia (CEC-BA), Táta Ricardo
Tavares, foi aberto junto ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da
Bahia (IPAC) e segue em andamento até que tenha uma definição para retornar a
Assembleia.