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Leopoldo Silva / Agência Senado
A avaliação
do Congresso Nacional segue estável em relação a setembro, aponta novo
levantamento do Datafolha. Consideram o trabalho dos 594 parlamentares ótimo ou
bom 18%, ante 43% que o veem como regular e 35% que o reprovam como ruim ou
péssimo.
Os números
seguem em linha com o apontado na pesquisa passada, realizada quase três meses
antes. Nela, os números eram 16%, 48% e 33%, respectivamente. Em ambos os
levantamentos, não souberam responder 4% dos entrevistados.
A pesquisa
deste mês ouviu 2.004 eleitores em 135 cidades do Brasil na última terça-feira
(5), com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Assim como
ocorre na avaliação do STF (Supremo Tribunal Federal), os eleitores satisfeitos
com o governo federal aprovam mais a instituição do outro lado da praça dos
Três Poderes. Assim, 29% dos 38% que dão ótimo ou bom para a gestão Lula (PT)
também o fazem em relação ao Congresso.
Na mesma
toada, os mais instruídos rejeitam mais o trabalho do Legislativo, 41%, assim
como aqueles que reprovam o governo Lula, 46%. O resultado deste primeiro ano
de trabalhos dos eleitos em 2022 é visto como melhor do que o das últimas três
legislaturas, à mesma altura.
Em
comparação com o mesmo momento da legislatura imediatamente anterior, eleita em
2018, a atual composição do Congresso se sai um pouco melhor. Em dezembro de
2019, 45% achavam o trabalho parlamentar ruim ou péssimo, 38%, regular e 14%,
ótimo ou bom.
Aquele
grupo, contudo, acabou seus quatro anos em uma posição melhor do que o atual,
com 48% de regular, 26% de reprovação e 20% de aprovação.
Até aqui, o
Congresso se notabilizou por avançar itens da agenda econômica do governo e
entrar em confronto com decisões do Supremo que considera que deveriam ser
suas, como a ampliação do direito ao aborto ou a derrubada do marco temporal
para demarcação de terras indígenas.
É um
conflito natural, dado o perfil majoritariamente conservador e com forte
influência do agronegócio, além de grupos de pressão como os evangélicos, nas
bancadas.
A má
avaliação geral não consiste novidade histórica. Desde a safra 1990 de
deputados e senadores, o Datafolha nunca verificou um momento em que a
aprovação deles estivesse acima da reprovação e da percepção de trabalho
regular pela população.
Algumas
legislaturas foram menos mal avaliadas, com o regular dominando. Foi por
exemplo o caso da anterior, eleita em 2018, a turma de 2010, 2006 e a atual. Os
eleitos de 2014 foram particularmente mal, com o ruim/péssimo atingindo o ápice
histórico em novembro de 2017, com 60%.
O momento
coincidiu com o auge dos impactos da Operação Lava Jato, que, a partir da
descoberta do megaesquema de corrupção envolvendo a Petrobras e partidos
políticos, puxou o fio de irregularidades diversas. Lideranças, como Aécio
Neves (PSDB), que quase havia ganho a eleição presidencial de 2014, foram ao
ostracismo, e Lula acabou na cadeia em 2018.
Naquele
ano, um político obscuro conseguiu canalizar a energia antissistema e elegeu-se
de forma surpreendente: Jair Bolsonaro (PL), então no nanico PSL.
A revelação
de abusos nos métodos de procuradores e juízes, aliada a uma sequência de
reversões de decisões em cortes superiores, acabou por desmoralizar a Lava Jato
—seu magistrado-símbolo, Sergio Moro, foi declarado parcial pelo Supremo e hoje
está abrigado no Congresso, como senador pela União Brasil do Paraná, sob
ameaça de cassação.
A operação
já estava desarticulada com apoio do próprio Bolsonaro, e o fim do capítulo é
conhecido: Lula está na Presidência; Aécio e o ex-presidente Michel Temer
(MDB), que chegou a ser detido, foram reabilitados.