A semana,
menor por conta do feriado do Dia de Finados, será intensa nos três primeiros
dias, com ponto alto na noite de quarta-feira (1º), quando o Banco Central
anunciará sua decisão sobre corte na taxa básica de juros, a Selic. O mercado
aguarda novo corte de 0,5% nos juros, mas há intensa especulação sobre o peso
na decisão do Copom da declaração do presidente Lula de que o governo não
conseguirá entregar a meta fiscal de déficit zero para 2024.
No
Congresso, os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo
Pacheco (PSD-MG), agendaram sessões presenciais para terça (31) e quarta (1º),
a fim de acelerarem a pauta de votações. No Judiciário, destaque para a
continuação do julgamento de ações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu
vice, general Braga Netto, que pode ser punido com a inelegibilidade por oito
anos, além do julgamento de mais seis réus que participaram dos atos
andemocráticos do 8 de janeiro em Brasília.
Confira
abaixo um resumo da agenda dos três poderes nesta semana que encerra o mês de
outubro e dá início a novembro.
PODER
EXECUTIVO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu a semana em uma reunião, logo cedo
nesta manhã de segunda-feira (30), com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Foi o primeiro encontro entre os dois depois da declaração do presidente de que
“dificilmente” o governo conseguirá zerar o déficit primário em 2024, meta
perseguida pela equipe de Haddad que agora foi relativizada por Lula.
Na tarde
desta segunda, o presidente Lula participará de reunião com o Grupo de Trabalho
de Crédito e Investimento do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social
Sustentável. O chamado “Conselhão”, empossado em maio com 246 integrantes, é um
órgão responsável por assessorar o presidente da República na formulação de
políticas e diretrizes.
Enquanto
discute ideias para trabalho e crédito com o “Conselhão”, Lula estará de olho
na reunião convocada pelo Brasil no Conselho de Segurança da ONU. O ministro
das Relações Exteriores, Mauro Vieira, vai presidir a reunião que fará uma nova
tentativa de buscar o cessar-fogo na região, além de definir medidas para
garantir acesso da população da Faixa de Gaza à assistência humanitária, assim
como a proteção dos civis.
Ainda nesta
segunda, o governo federal fará, em Maceió, o lançamento regional do Novo PAC
em Alagoas. Estão presentes no evento os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e
dos Transportes, Renan Filho, além do governador Paulo Dantas e do presidente
da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Também está sendo aguardada no evento a
presença do senador alagoano Renan Calheiros (MDB).
Pode ser
realizada também, neste início de semana, no Palácio do Planalto, um encontro
sobre o tema da segurança pública no Rio de Janeiro. A ideia do governo é
reunir ministros, comandantes das Forças Armadas e a direção da Polícia Federal
para avaliar medidas que reforcem o combate à criminalidade na capital
fluminense. Também nesta semana o presidente Lula deve sancionar o projeto
de lei aprovado pelo Senado que estabelece a pensão para filhos e dependentes
menores de idade de vítimas de feminicídio.
Na próxima
quarta (1º), o Banco Central terá a sétima e penúltima reunião neste ano do
Comitê de Política Monetária, quando será anunciada a decisão sobre a taxa
básica de juros, a Selic. A expectativa do mercado é de que o Copom irá reduzir
a a Selic em 0,5 ponto percentual, reduzindo os juros oficiais de 12,75% para
12,25% ao ano.
O Banco
Central já havia sinalizado na reunião de setembro que faria um novo corte de
0,5%. Se confirmada a redução, os juros chegarão ao menor nível desde junho de
2022, quando estavam no mesmo patamar. Um novo corte também representará a
terceira redução seguida na Selic.
A semana de
feriado, mais curta, terá a divulgação de indicadores concentrada nos primeiros
dias. Na tarde desta segunda (30), o Ministério do Trabalho e Emprego divulga
os números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) de setembro.
Em agosto, o saldo positivo foi de 220.844 carteiras assinadas no país, com
resultado acumulado (em oito meses) de cerca de 1,38 milhão de vagas de
trabalho em 2023.
Na terça
(31) será a vez de o IBGE divulga a taxa de desemprego no país até o mês de
setembro. Na medição anterior da Pnad Contínua, com levantamento até agosto, o
número de pessoas desempregadas havia recuado para 8,4 milhões.
Por fim, na
quarta (1º), o IBGE apresenta os números da Produção Industrial Mensal de
setembro. A pesquisa anterior revelou que no mês de agosto, a produção
industrial nacional variou 0,4% frente a julho. Em relação a agosto de 2022, o
avanço foi de 0,5%. Frente a igual período de 2022, a indústria acumula taxa
negativa no ano (-0,3%).
PODER
LEGISLATIVO
Depois de ver atendida a sua reivindicação para colocar um aliado na
presidência da Caixa Econômica Federal, o presidente da Câmara, Arthur Lira
(PP-AL), quer acelerar a pauta de votações, e convocou sessões para terça e
quarta. Lira quer votar o PLP 136/23, de autoria do governo federal, que
garante a reposição de perdas dos estados e municípios decorrentes das mudanças
do ICMS dos combustíveis feitas no ano passado, durante o governo
Bolsonaro.
Se
aprovado, o PLP 136/23 consolidará a reforma do imposto interestadual, que
passou a ser uniforme em todo o território nacional e a ter alíquota fixa para
a gasolina e o etanol anidro (desde junho de 2023), e o diesel e o GLP (desde
maio). O projeto, que tramita em regime de urgência, é relatado pelo líder do
PT, Zeca Dirceu (PT).
Na Comissão
Mista de Orçamento, há a expectativa de apresentação do relatório do deputado
Danilo Forte (União-CE) para o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
de 2024 (PLN 4/23). O deputado disse acreditar que seu parecer deve ser votado
na semana após o feriado na Comissão Mista de Orçamento, e que possivelmente a
LDO será apreciada em sessão do Congresso a ser realizada entre os dias 20 e 22
de novembro.
No Senado,
o presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) também convocou sessões na terça e na
quarta com pauta extensa. Nos dois dias serão realizadas discussões sobre a PEC
8 de 2021, que limita os poderes do Supremo Tribunal Federal (STF). Com a
contagem das sessões de discussão, o projeto estará pronto para ser votado em
primeiro turno já na semana que vem no Plenário.
Caso a PEC
seja aprovada nas duas casas do Congresso, os ministros ficarão proibidos de
tomar decisões monocráticas para suspender leis com efeitos gerais. As decisões
monocráticas também não poderão ser emitidas para suspender atos de chefes de
Poderes.
O projeto
prevê que durante o recesso judicial, em casos excepcionais, que for
considerado que há urgência ou o risco de dano irreparável, o ministro de
plantão pode emitir uma decisão monocrática nos casos de leis ou atos de outros
Poderes. No entanto, o plenário do STF deve analisar o tema no máximo em 30
dias depois do fim do recesso.
A PEC
estabelece ainda prazos para pedidos de vista (mais tempo de análise) no Poder
Judiciário. Pelas novas regras, os pedidos precisam ser coletivos e com um
limite de seis meses. Esse prazo poderia ser prorrogado por mais três meses em
que houver divergências entre os ministros.
Depois do
fim do prazo, se o julgamento não retomar à pauta - prerrogativa do presidente
do STF - o retorno seria automático. Nesse cenário, a ação teria preferência, a
não ser que os ministros definiram por maioria que outros casos precisam ser
julgados antes. Se um ano depois do fim do prazo a matéria ainda não tiver sido
votada, a pauta do Supremo será travada até uma decisão do plenário.
Na quarta
(1º), a Comissão de Constituição e Justiça do Senado tem audiência para debater
a PEC 45, de autoria do senador Rodrigo Pacheco, que altera o art. 5º da
Constituição a fim de criminalizar a posse e o porte de entorpecentes e drogas.
Na lista de convidados para debater o tema estão os ministros Flávio Dino
(Justiça) e Nísia Trindade (Saúde).
PODER
JUDICIÁRIO
No Plenário presencial, não estão previstos julgamentos na pauta do Supremo
Tribunal Federal nos próximos dias. No Plenário Virtual, continua nesta
semana o julgamento de mais seis réus acusados de participar dos atos
antidemocráticos do dia 8 de janeiro. O julgamento segue até o dia 7 de
novembro. O relator, ministro Alexandre de Moraes, votou para condenar os seis
réus por crimes como abolição violenta do Estado democrático de direito, golpe
de Estado, associação criminosa armada, dano qualificado e deterioração do
patrimônio tombado.
O ministro
Alexandre de Moraes abriu o julgamento votando pela condenação dos acusados a
penas de 14 a 17 anos de prisão. A análise ocorre no plenário virtual, quando
os votos são inseridos no sistema eletrônico e não há leitura do voto.
No Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), terá continuidade, nesta terça (31), o julgamento de
ações sobre uso eleitoral do 7 de Setembro de 2022 pelo então presidente Jair
Bolsonaro e seu candidato a vice-presidente, o general Braga Netto. O placar
está em 2 a 1 pela condenação de Bolsonaro e seu candidato a vice. O resultado
não implicará em alteração no tempo de inelegibilidade (oito anos) do
ex-presidente, mas poderá tornar o general Braga Netto ilegível, o que
frustrará os planos do PL de apresenta-lo como candidato à Prefeitura do Rio de
Janeiro.