Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom / EBC
Perto de anunciar uma reforma ministerial, o presidente Lula
(PT) afirmou que "de vez em quando a gente erra" ao escolher
ministros.
"De vez em quando a gente erra, mas na maioria das vezes
a gente acerta, quando a gente escolhe um ministro de qualidade", disse o
presidente, sem citar nomes.
O presidente prepara uma mudança na Esplanada e, como revelou
a Folha, já decidiu demitir a ministra da Saúde, Nísia Trindade.
A declaração foi dada em evento em Itaguaí (RJ), em meio a
elogios ao ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, que o petista
disse que "tem dado um show".
"É um menino, um pernambucano, que não tem preconceito,
que não tem discórdia com ninguém, e é um companheiro que só trabalha para
fazer as coisas acontecerem", afirmou.
"Eu já era amigo do pai do Silvinho, e agora eu sou
amigo do pai do filho, e logo, logo, talvez eu seja amigo do neto dele, do
filho dele, porque eu quero viver 120 anos. É importante vocês saberem que eu
tenho uma conversa todo dia com Deus. Eu não quero ir para o céu. Eu quero
ficar aqui na terra porque tem muita coisa para a gente fazer", afirmou
Lula.
O presidente afirmou também que seus exames de saúde
indicaram que ele está bem e que, aos 79 anos, se sente melhor do que aos 50.
"Se alguém pensava, como o aloprado, que fez um plano
para me matar, que eu ia parar de fazer política por causa da cabeça, eu quero
dizer: se prepare que o Lulinha está melhor ao 79 do que quando ele tinha 50. E
vou trabalhar para este país crescer", disse ele, em discurso no Rio de
Janeiro.
Para a plateia, Lula afirmou que estava alegre, entre outros
motivos, por causa do resultado dos exames realizados nesta quinta-feira (20).
"Em setembro, eu estava cortando a minha unha sentado e
caí e bati a cabeça. E foi uma batida muito forte. Eu sinceramente pensei que
tinha chegado a minha hora", iniciou Lula. "Passou dois meses. Quando
pensei que estava bom, voltei ao médico para fazer uma tomografia, e aí tinha
piorado. Fui para São Paulo, fiz uma cirurgia para tirar o excesso de líquido,
e muita gente pensou que eu ia morrer", continuou.
"Como sou amigo de Deus, falei: ‘Deus, ó, ainda não é
minha hora, eu quero viver mais uns 40 anos. Deixa eu aqui, eu vou lhe ajudar,
eu não sou do mal, eu sou do bem, só gosto de fazer coisa boa, sou seu
representante aqui, vai por mim’. E eu estou aqui. Ontem fui fazer um check-up,
cinco horas e meia dentro de um hospital. Fiz tudo que um ser humano tem que
fazer", disse.
Segundo o presidente, os exames terminaram por volta das
23h30 e os médicos disseram que ele estava "com saúde de 30 e com vontade
política de 20".
"A partir de agora, quem quiser disputar comigo, tem que
ir para rua. Tem que me enfrentar na rua, na porta de fábrica, na porta do
estaleiro, na porta da Petrobras, na porta do Banco do Brasil, na rua
conversando com o povo. Porque é para isso que eu fui eleito, para melhorar a
vida do povo brasileiro", discursou Lula.
Na semana passada, durante uma entrevista, o presidente havia
ponderado sobre sua idade e saúde em uma possível candidatura à reeleição em
2026. Ele afirmou que não podia mentir para si, "nem para ninguém" ao
tratar do tema.
"2025 é meu ano. Agora, se eu vou ser candidato ou não…
Eu tenho 79 anos, não posso mentir para ninguém nem para mim. Se eu tiver 100%
de saúde, como estou hoje…", disse o petista.
Na ocasião, ele comentou os recentes problemas de saúde e
afirmou que, se "tiver legal", pode ser candidato, mas que essa não é
uma prioridade neste momento.
No evento desta sexta, Lula fez outra menção a Bolsonaro, sem
citar diretamente o nome do ex-mandatário. Ao falar da construção de creches, o
presidente disse que voltou ao Planalto para "reconstruir coisas que a
Dilma [Rousseff] tinha começado e que os golpistas, e depois aquela loucura que
governou o país, não ligaram".
"Porque o governo passado só sabia mentir, ele e a
família dele. Mentiam, mentiam, mentiam. E eles eram tão aloprados que carregam
nas costas pelo menos metade das 700 mil pessoas que morreram de Covid",
disse Lula sobre as falas do ex-presidente em relação à imunização contra a
doença. "O mundo inteiro provou que a vacina é a garantia que a gente vai
salvar a humanidade de doenças", continuou.
Bolsonaro, que está inelegível, foi denunciado nesta
terça-feira (18) pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, sob acusação
de liderar uma tentativa de golpe de Estado para impedir a posse de Lula em
2022.
Lula participou nesta sexta de cerimônia no Porto de Itaguaí,
na região metropolitana do Rio de Janeiro, sede de um futuro terminal de
minério de ferro concedido pelo governo em dezembro, no maior leilão de
concessão portuária da história.
O projeto tem previsão de investimento de R$ 3,580 bilhões.
Foi concedido à Cedro Participações S.A, por R$ 1 milhão de bônus de outorga. O
contrato de concessão tem 35 anos. As obras do terminal serão iniciadas em 2027
e o início de operação está previsto para 2029.
Nesta sexta, Lula também se dividiu entre elogios e críticas
a empresários. Disse que o empresário Lucas Kallas, presidente do conselho de
administração da Cedro Participações, é "sério, com visão nacional, que
ama, acredita e torce pelo Brasil", ao contrário de gente que "vai no
governo, conversa, pede as coisas e ainda sai falando mal do governo".
É o segundo evento do presidente no estado do Rio de Janeiro
nesta semana. Na segunda (17) ele esteve em Angra dos Reis para anunciar
contratos de compra de navios pela Petrobras.
Com o pior índice de aprovação de todas as suas gestões,
segundo pesquisa Datafolha, Lula intensificou a agenda de viagens pelo país —na
semana passada, esteve também em Macapá e no Pará.
Por Bahia Notícias