
Vacinação contra sarampo Crédito: Marcelo
Camargo/Agência Brasil
Um estudo realizado pela Confederação Nacional dos
Municípios (CNM) mostrou que a Bahia figura entre os 10 estados com maior
desabastecimento de vacinas do país. Segundo o levantamento, que já está na
terceira edição, o estado tem pelo menos 45 municípios com queixas quanto a
falta de imunizantes, sobretudo aqueles que combatem catapora, rubéola, caxumba
e sarampo. Por conta disso, ocupa a 8ª posição no índice de desabastecimento
vacinal.
Em relação a
penúltima pesquisa, divulgada em janeiro deste ano, a Bahia apresentou melhora
na cobertura vacinal. O desabastecimento, que alcançava 110 municípios,
diminuiu para 45, ou seja, menos da metade. Em comparação com a primeira edição
do levantamento, realizada em outubro de 2024, a queda foi ainda mais
significativa, considerando que, à época, 119 municípios reclamaram de falta de
vacinas.
Esse avanço
no quadro geral da imunização no estado, no entanto, não foi suficiente para
impedir o aparecimento de doenças em locais que registraram a ausência de
vacinas. Não à toa, os últimos quatro anos, entre 2020 e 2024, a Bahia
contabilizou o aumento de 60% no número de internações por varicela e
herpes-zóster, sarampo, rubéola e caxumba, que saltou de 171 para 274.
Só neste
ano, entre janeiro e março, houve outros 78 internamentos por essas mesmas
doenças, que poderiam ser evitadas se a população baiana estivesse vacinada.
Esse número representa, em apenas três meses, quase 30% dos casos registrados
em 2024. Os dados são do DataSUS, o banco de dados oficial do Ministério da
Saúde.
De acordo
com Paulo Ziulkoski, presidente da CNM, os fatores que favorecem o
desabastecimento de vacinas da Bahia são de conhecimento do Ministério da
Saúde, a quem cabe adquirir e distribuir todas as vacinas do calendário de
vacinação para os estados. Ele afirma que, desde a primeira edição da pesquisa,
o órgão federal reconheceu a existência de problemas no abastecimento por meio
de uma nota técnica.
"No
documento, o Ministério atribui os entraves principalmente a dificuldades
relacionadas à fabricação, à logística e ao aumento da demanda. Como medida de
contenção, informou estar buscando alternativas para a aquisição de vacinas,
inclusive por meio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas)", contou
Paulo Ziulkoski.
Após a
publicação mais recente, o presidente da CNM disse que voltou a procurar o
Ministério da Saúde, pois, apesar da melhora nos índices de cobertura vacinal,
o cenário ainda é preocupante. Por meio de ofício, a entidade retirou a
urgência de "maior previsibilidade na logística de distribuição, bem como
apoio técnico e financeiro efetivo aos Entes locais, para que se garanta o
abastecimento regular e tempestivo de vacinas, assegurando a continuidade das
ações de imunização em todo o território nacional", frisou.
Ao ser
procurado pelo CORREIO, o Ministério da Saúde informou que mantém cronograma de
entrega de vacinas a todos os estados, que são os responsáveis pela
distribuição nos municípios. Também, disse que o quantitativo de imunizantes é
definido juntamente com os gestores municipais.
A pasta
acrescentou que o Brasil registra aumento das coberturas vacinais em todo o
país. "[Isso é] resultado das ações de incentivo do Ministério da Saúde –
como vacinação nas escolas e a volta das grandes mobilizações nacionais, como o
Dia D de vacinação contra a gripe – e da garantia de abastecimento", disse
o órgão federal.
Ainda em
nota, o Ministério da Saúde afirmou que o cronograma de solicitação dos estados
e municípios quanto à vacina varicela, que é a que mais está em falta na Bahia,
tem sido atendido conforme disponibilização do fornecedor. "Neste ano, já
foram entregues 2 milhões de doses e 1,7 milhão aplicadas. Estão previstas
novas remessas de doses das vacinas de dengue, varicela e as demais que compõem
o calendário nacional de vacinação no país", completou, sem definir
prazos.
A reportagem
também procurou os órgãos estaduais. O presidente do Conselho Estadual de Saúde
da Bahia (CES-BA), Marcos Sampaio, disse desconhecer o cenário de
desabastecimento de vacinas no estado. Ele afirma que, ao verificar junto a
Superintendência de Vigilância Estadual, que tem a responsabilidade de fazer a
distribuição dos imunizantes, não foi verificada nenhuma queixa de falta de
vacina por parte dos municípios.
"Pelo
contrário, houve municípios, inclusive, que em relação a algumas vacinas, como
a Influenza e a Covid-19, nem tem vindo retirar as remessas. [...] A notícia
que temos é que não existe desabastecimento na Bahia. Pode haver algum tipo de
necessidade de vacinas pontuais, mas são vacinas que substituem uma à
outra", pontuou.
A Secretaria
de Saúde da Bahia (Sesab) foi procurada para informar quantos e quais
municípios baianos sofrem com desabastecimento vacinal, quais vacinas estão em
falta na Bahia e quais ações estão sendo adotadas para solucionar esse caso. A
pasta disse que não seria possível responder a demanda nesta terça-feira (3),
data de fechamento desta matéria.
Por Correio24horas