
Foto: Reprodução / AL-BA
O que a Coelba, a Arena Fonte Nova, o Movimento dos
Trabalhadores sem Terra (MST) e a ViaBahia têm em comum? Todos já foram alvo
dos deputados da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) nos últimos 10 anos. O
Bahia Notícias realizou um levantamento documental com todos os requerimentos
de Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) entre 2015 e 2025 e constatou que,
ao menos, 10 pedidos de investigações foram solicitadas na Casa Legislativa.
Em sua maioria, as CPIs sequer chegaram a ser instaladas,
apesar de algumas obterem o mínimo de assinaturas necessárias, de 1/3 dos
deputados da AL-BA, que corresponde ao mínimo de 21 subscrições de acordo com o
Regimento Interno da Casa.
Um caso com o desfecho mais recente foi a CPI do MST, que
chegou a ter sua instalação publicada no Diário Oficial do Legislativo, após
determinação liminar da Justiça, mas acabou sendo barrada depois da decisão
final da própria Corte. O desfecho ocorreu na semana passada, após os
desembargadores formarem maioria para negar o mandado de segurança do deputado Leandro de Jesus (PL), autor
do requerimento da CPI.
A decisão, inclusive, movimentou a possibilidade de reatar
outro tema na AL-BA, as investigações em torno do Sistema de Assistência à
Saúde dos Servidores Públicos Estaduais (Planserv). A CPI do serviço chegou a
reunir as 21 assinaturas, mas não avançou após a desistência de alguns
deputados. Segundo informações obtidas pelo Bahia Notícias, no entanto, a
bancada de Oposição deve forçar o embate para instalar a Comissão de Inquérito nos
próximos meses.
RELEMBRE OS OUTROS CASOS
CPI das Pedaladas Fiscais (2015)
De autoria do então deputado estadual Luciano Simões (Ex-PMDB), a CPI das
Pedaladas Fiscais visava investigar um suposto atraso de obras na área de
educação da Bahia.
O requerimento reuniu 22 assinaturas, mas não avançou após
o então presidente da Casa, Marcelo Nilo (Republicanos), indeferir o pedido com
base no parecer da Procuradoria Jurídica da Casa.
CPI do Centro de Convenções (2017)
Neste caso, a Comissão de Inquérito visava investigar as causas dos
desabamentos no antigo Centro de Convenções de Salvador, que é de
administração do governo do estado. O requerimento de, autoria da bancada de
Oposição, tinha como gancho o acidente que ocorreu no local em 2016, o qual
acabou deixando duas pessoas feridas. Na época, a área passava por reformas.
Cerca de duas semanas após o requerimento ser protocolado, o
presidente da AL-BA no período, o atual senador Angelo Coronel (PSD) arquivou o
requerimento. Na época, ele argumentou que guardou a solicitação após os
deputados da oposição solicitarem a retirada dos nomes que haviam indicado para
compor a comissão, sob o argumento de que os deputados da base governista,
estariam tentando inviabilizar os trabalhos.
CPI DA CERB (2017)
A CPI da Cerb visava investigar relatos da delação premiada de André Vital e Cláudio Melo Filho,
executivos da Odebrecht, que afirmaram que a empresa condicionou doações à
campanha de Rui Costa em 2014 ao pagamento de uma dívida da Companhia de
Engenharia e Recursos Hídricos da Bahia (Cerb). Ainda por este acordo, o
ex-governador Jaques Wagner (PT) teria recebido propina da empreiteira.
O requerimento não chegou às 21 assinaturas necessárias e não
chegou a ser protocolada na AL-BA.
CPI da Fonte Nova (2018)
A construção da Arena Fonte Nova também foi alvo dos parlamentares da AL-BA. O
agora deputado federal Leur Lomanto Jr. (União) solicitou investigações dentro
de um prazo de 180 contra o procedimento de licitação e contratação da PPP que
realizou as obras do estádio. O consórcio era formado pela antiga Odebrecht e
pela OAS.
A CPI não recebeu apoio do presidente Angelo Coronel e acabou
sendo indeferida na AL-BA após avaliação de que não foram apresentadas provas o
suficiente para a abertura das investigações.
CPI das Obras na Barra (2018)
A bancada governista foi autora do requerimento que visava investigar a pretura
de Salvador, à época, liderada por ACM Neto (União), pelas obras realizadas no
Porto da Barra através do Regime Diferenciado de Contratação (RDC). Os
deputados afirmavam que havia “indícios” de favorecimento a uma empresa.
A movimentação foi vista como um “contra-ataque” ao
requerimento de CPI da Fonte Nova e acabou tendo o mesmo destino, ou seja, não
avançou na Casa Legislativa.
CPI das Contas de Rui (2019)
O então líder da oposição, Targino Machado (Ex-DEM), durante uma sessão na
AL-BA, chegou a requerer a abertura de uma CPI contra o ex-governador e atual
ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT). O ex-parlamentar acusou o petista de cometer
"pedaladas" ao usar recursos de convênios para o pagamento
de outras despesas.
A acusação tinha como base uma auditoria do Tribunal de
Contas do Estado (TCE), que apontou irregularidades no balanço financeiro da
gestão de Rui em 2015. A CPI não reuniu as assinaturas necessárias e não
avançou na Casa.
CPI da Coelba 1 e 2 (2021 e 2023)
A Comissão de Inquérito da Coelba chegou a ser solicitada mais de uma vez pelos
deputados entre 2015 e 2025. A primeira dela foi de autoria do então deputado
Tum (Avante), em 2021. A CPI, na verdade, chegou a ser instalada, mas não
avançou após imbróglio envolvendo a indicação dos integrantes e acabou virando uma Subcomissão no dia 23 agosto de
2023.
Uma semana depois, o deputado Júnior Muniz (PT) requereu
a instalação da CPI para investigar a concessão da Coelba,
mas o pedido foi indeferido sob a justificativa de que já havia uma Subcomissão
para tratar do tema.
CPI da ViaBahia (2023)
De autoria de Marcinho Oliveira (União), a CPI da ViaBahia foi requisitada para
investigar a atuação da Concessionária nas BRs 116 e 324, sob a justificativa
de que a companhia não estava cumprindo os investimentos previstos na
concessão. Além disso, o parlamentar citou a qualidade no serviço prestado pela
ViaBahia, que, segundo ele, desagrada população baiana.
A CPI não avançou após ser indeferida pelo ex-presidente da AL-BA, o deputado Adolfo
Menezes (PSD). O socialdemocrata tomou a decisão tendo como base um
parecer da Procuradoria Jurídica, que argumentou que a Assembleia não poderia
apurar o caso por se tratar de uma concessão federal.
CPI do Pedágio (2023)* Menção honrosa
A CPI do Pedágio, que foi anunciada pelo deputado Júnior
Muniz, chegou a ser divulgada pelo parlamentar, mas, conforme apuração da
reportagem no sistema da AL-BA, não chegou a ser protocolada na Casa.
À época, o petista informou que a motivação se deu pelo
aumento praticado pela Concessionária Litoral Norte S.A. (CLN) para a Linha
Verde. No caso, as tarifas registram um aumento de cerca de 100%.
Por Bahia Notícias