
Foto: Ricardo Stuckert / PR
O presidente Lula (PT) se queixou a aliados nos últimos dias
dos vazamentos à imprensa de conversas sobre a reforma ministerial em seu
governo.
De acordo com relatos, o petista afirmou que integrantes de
sua equipe que estejam sob risco de deixar o cargo não podem descobrir pela
imprensa eventual substituição.
Como a Folha de S.Paulo revelou na semana passada, Lula
decidiu trocar a ministra da Saúde, Nísia Trindade. A titular da pasta, no
entanto, soube que deixaria o governo por notícias, e aliados demonstraram
descontentamento com esse tratamento. A reação da ministra é motivo de
apreensão no Palácio do Planalto.
O presidente marcou para esta terça (25) uma cerimônia com
Nísia no palácio, para fechar acordo para a produção de vacinas, medicamentos e
outros insumos que são resultado de projetos de parcerias público-privadas
A expectativa é que o encontro reservado com Nísia, para
selar o seu futuro e desencadear a reforma ministerial, aconteça após a
cerimônia. Para a Saúde, deve ser deslocado o ministro Alexandre Padilha (PT),
atual chefe da SRI (Secretaria de Relações Institucionais).
Outro ministro que passa por um processo público de fritura é
o titular da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo (PT), cuja cadeira
estaria reservada para a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR).
O nome de Gleisi também tem sido cogitado para a SRI. Lula
manifestou, em conversas, a intenção de nomeá-la para a articulação política,
mas foi desencorajado. Ainda assim, a hipótese não está descartada, bem como a
possibilidade de ela assumir o Ministério de Desenvolvimento Social, ocupado
hoje por Wellington Dias (PT).
Conversas sobre mudanças na Esplanada se arrastam há meses e
se intensificaram nas últimas semanas, num cenário de queda de popularidade do
governo federal. De acordo com aliados, o petista tem realizado uma série de
conversas com políticos fora de sua agenda pública na Granja do Torto para
tratar do assunto.
Um aliado de Lula diz que, nesses encontros, o presidente
deixou claro a pessoas que sondou que poderia rever sua decisão caso essas
informações fossem vazadas.
Até mesmo auxiliares mais próximos são cautelosos ao falar
sobre a reforma.
Com a ida de Padilha para a Saúde, abre-se uma vaga no
Palácio do Planalto. Integrantes do centrão se queixam do fato de a
"cozinha" do presidente ser formada majoritariamente por políticos do
PT -a exceção é o chefe da Secom (Secretaria de Comunicação Social), o
marqueteiro Sidônio Palmeira.
Hoje, de acordo com pessoas que acompanham as negociações, a
tendência é que um nome do centro ocupe essa cadeira. Nesse cenário, estão em
análise os deputados Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL) e Antonio Brito (PSD-BA),
além do ministro Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), que é deputado
federal licenciado pelo Republicanos.
A cúpula da Câmara trabalha desde o começo do ano por
Isnaldo, parlamentar considerado governista e braço direito do presidente da
Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Ele também é próximo do presidente do
Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
Segundo deputados do centrão e até mesmo parlamentares
petistas, a opção por Isnaldo poderia melhorar a relação do governo com a
Câmara, que tem sido conturbada desde o começo do terceiro mandato de Lula.
Pesa contra o líder do MDB, no entanto, o fato de ele não ter
uma relação de convívio com Lula. Aliados do petista dizem que o posto da SRI
exige um contato diário com o presidente e, portanto, é necessário um político
que tenha a extrema confiança do chefe do Executivo.
Como a Folha de S.Paulo mostrou, o presidente quer incluir
Motta e Alcolumbre nas negociações da reforma. Havia uma expectativa entre
aliados dos parlamentares que eles pudessem conversar a sós com o petista na
noite desta segunda (24), em sessão do filme "Ainda Estou Aqui" no
Palácio da Alvorada com autoridades.
Apesar da tendência de um nome do centro na SRI, há uma ala
que defende que o ministério siga no comando do PT. Os nomes mais fortes seriam
de Jaques Wagner (BA), líder do governo no Senado, e de José Guimarães (CE),
líder do governo na Câmara.
A ida de Wagner para o Palácio do Planalto poderia ter
consequências no Ministério de Desenvolvimento Social, hoje ocupado pelo
senador licenciado do PT Wellington Dias, cuja gestão é objeto de reclamações
do presidente. Nesse cenário, Dias poderia ser nomeado líder do governo no
Senado.
Para chefiar o Ministério de Desenvolvimento Social, são
cogitados nomes de perfil técnico, como a ministra Esther Dweck (Gestão) e a
economista Tereza Campello, diretora Socioambiental do BNDES, ou político, como
Antonio Brito (PSD) e a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB).
Por Bahia Notícias