Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Após um dia inteiro de
negociações, que incluiu uma visita do presidente da Câmara, deputado Arthur
Lira (PP-AL) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi aprovado na Câmara,
na noite desta terça-feira (28), o projeto que cria o Programa Mover, com o trecho
que impõe a taxação das compras de até US$ 50 feitas em sites internacionais,
chamada nos bastidores de “taxa das blusinhas”.
A concretização do acordo
costurado por Lira com o presidente Lula, o governo e líderes partidários impõe
que o imposto de importação sobre essas compras seja de 20% (bem menor que os
60% cobrados para compras superiores a esse valor). Graças ao acordo que
incluiu quase todos os partidos, o projeto foi aprovado de forma simbólica.
O acordo que permitiu a votação
do projeto foi considerado um avanço pelo governo federal, já que atualmente
essas compras são isentas de impostos. Sobre essas compras incide apenas o
Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) estadual com alíquota
de 17%. Segundo cálculos do governo, o fim da isenção nesse tipo de compra pode
gerar R$ 30 bilhões anuais em arrecadação para a União.
O governo Lula resistia a apoiar
a taxação de 60% nas compras online, defendida pelas principais entidades do
empresariado e da indústria nacional. Além disso, havia intenção de manter boas
relações com a China, principal parceiro comercial do Brasil e onde está
localizada a maioria dos gigantes do e-commerce internacional, como Shein e
Shopee, que se beneficiam da isenção tributária.
Com o acordo avalizado pela
equipe econômica, o presidente Lula se comprometeu a não vetar o trecho do
projeto que derruba a isenção das compras online de US$ 50. Após a aprovação na
Câmara, o Senado deve incluir o projeto na pauta da sessão desta quarta-feira
(29).
O presidente da Câmara, Arthur
Lira, fez um esforço pessoal pela votação do projeto nesta terça. Isso porque,
inicialmente, o Programa Mover foi instituído por meio de uma medida provisória
que perde a validade no dia 7 de junho. Antes do início da sessão, Lira disse
que alguns setores da economia estão “sofrendo” e que a Câmara está tentando
corrigir práticas desleais no comércio brasileiro.
“Nós queremos prejudicar
ninguém. Tem setores, regiões que estão desempregando, porque não aguentam a
concorrência que aparentemente não é saudável”, afirmou o deputado Arthur Lira.
O PL 914/24, de autoria do
governo federal e relatado pelo deputado Átila Lira (PP-PI), cria o Programa
Mobilidade Verde e Inovação (Mover). O programa prevê benefícios fiscais às
montadoras que investirem em tecnologias de baixa emissão de carbono, como os
veículos híbridos e elétricos.
O ex-presidente Jair Bolsonaro,
que era contra a derrubada da isenção de compras até US$ 50, em sua conta na
rede X, disse manter a sua posição contra o acordo para taxação das compras,
que incluiu inclusive o seu partido, o PL. Em sua postagem, Bolsonaro não citou
o projeto, mas falou contra a criação de novos impostos.
“Informo que o meu governo
sempre foi contra qualquer taxação, majoração ou criação de novos impostos. -
Portanto, somos contrários qualquer projeto que onere ainda mais o cidadão
brasileiro”, disse Bolsonaro.
Por Bahia
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