Foto: Reprodução / TV Globo
A Justiça de São Paulo expediu,
neste sábado (4), o mandado de prisão preventiva (sem prazo) do empresário
Fernando Sastre de Andrade Filho, 24, réu por homicídio doloso qualificado e
lesão corporal gravíssimo --em ambos os casos na modalidade dolo eventual,
quando a pessoa assume o risco de matar e ferir.
Agora, ele pode ser detido a
qualquer momento. A reportagem procurou a defesa do empresário, que até a
publicação desta reportagem não se manifestou. Na noite de sexta, o advogado de
Fernando, Elizeu Neto, afirmou que recebeu com serenidade a decisão e que iria
cumpri-la.
O advogado disse que vai
recorrer da decisão e considerou a medida "desproporcional".
"Medidas cautelares anteriormente impostas eram mais que
suficientes", afirmou, por meio de nota.
Fernando causou a morte do
motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, 52, ao bater na traseira do seu
carro no dia 31 de março. De acordo com a perícia, ele estava a 156 km/h,
enquanto Ornaldo a 40 km/h. Se condenado, a prisão pode somar até 20 anos de
prisão.
A prisão de Fernando acontece
após quatro pedidos do Ministério Público. Três deles foram negados pela
Justiça.
No início da semana, o juiz
Roberto Zanichelli Cintra, da 1ª Vara do Júri de São Paulo, negou o terceiro
pedido de prisão preventiva. Ele argumentou que as motivações da Promotoria não
têm "vínculo com a realidade dos autos e buscam suas justificativas em
presunções e temores abstratos".
Nesta quinta (2), a promotora do
caso, Monique Ratton, solicitou novamente a prisão. Ela alegou que, além de o
caso preencher requisitos autorizados para a prisão preventiva, o empresário
influenciou o depoimento da sua namorada, que apresentou às autoridades
policiais informações idênticas às dadas pela mãe de Fernando, Daniela Cristina
de Medeiros Andrade.
A promotora afirmou também que
Fernando possui outros dois boletins de ocorrência que constam envolvimento em
acidentes com outros automóveis. Em um deles, é registrado que o empresário
atingiu dois motociclistas com seu veículo.
Na denúncia encaminhada, o
Ministério Público considera que Fernando ingeriu álcool em dois
estabelecimentos antes de dirigir no dia do acidente.
"A namorada e um casal de
amigos tentaram demovê-lo da intenção de dirigir, mas o condutor ainda assim
optou por assumir o risco", diz a Promotoria, que também citou a
velocidade do carro, de 156 km/h na hora do acidente, de acordo com a perícia.
O órgão cita ainda que o amigo
de Fernando também foi gravemente ferido e ficou na UTI por dez dias. "O
denunciado só se apresentou 36 horas depois da colisão, tendo deixado o local
dos fatos com autorização dos policiais militares que atenderam à ocorrência",
afirma.
O Ministério Público também
requisitou o compartilhamento de provas para que os agentes públicos respondam
por "eventual cometimento de crime por terem cedido ao pedido da genitora
do denunciado de levá-lo ao hospital, quando deveriam tê-lo escoltado até o
local".
Imagens de câmeras corporais dos
agentes mostram o jovem ao lado da mãe por volta das 3h do dia 31 de março. Os
dois tentaram deixar o local, mas são impedidos por uma policial militar que
diz precisar "qualificar" o jovem antes de liberá-lo. "Não pode
tirar ele daqui assim", afirma.
A PM pergunta a outro colega se
ele possui equipamento para teste de bafômetro no local, e o policial responde
que não tem. Depois de conversar com o motorista, a policial militar fala com
um bombeiro que diz que Fernando estava "um pouco etilizado".
A mãe de Fernando afirmou às
autoridades policiais que o levaria até o hospital. Porém, quando as
autoridades policiais foram até o estabelecimento descobriram que o empresário
não havia estado lá.
De acordo com a SSP (Secretaria
da Segurança Pública), houve falha de procedimento dos policiais que atenderam
a ocorrência pelo fato do motorista não ter sido submetido ao bafômetro.
O dono do Porsche se apresentou
na delegacia na tarde de segunda, mais de 30 horas após a colisão.
Por Bahia
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