Conectividade é um dos desafios para o desenvolvimento no campo Crédito: Creative Commons

 

Falta de conexão

 

O recém lançado Indicador de Conectividade Rural (ICR), apresentado pela Conectar Agro, durante a Agrishow 2024, em Ribeirão Preto, expõe um desafio gigantesco enfrentado pelos produtores rurais brasileiros: conectar os seus sistemas de informação e assim usufruir de todos os benefícios que os dados podem levar para o campo. O indicador mede, numa escala de 0 a 10, o acesso à internet 4G e 5G tanto nas estruturas produtivas, quanto sociais e ambientais, além de mensurar a presença das estruturas de fibra nos municípios. A média nacional é de apenas 0,45. “O ICR tem como objetivo justamente ser um dado que sirva para mobilizar políticas públicas”, explica Paola Campiello, presidente da Associação Conectar Agro. O retrato está aí e não é bonito.

 

Luz ao problema

 

Gregore Riordan, diretor de tecnologias do grupo CNH, uma das empresas que faz parte do Conectar Agro, destacou a importância do indicador para trazer luz em relação ao cenário. “O primeiro ponto para superar o desafio é justamente ter a capacidade de se comparar e se medir contra uma média ou o que seria um grau ideal de conectividade”, acredita. Segundo ele, o diagnóstico e os questionamentos são etapas fundamentais para se chegar à uma solução para o problema. Ele explica que outra frente de trabalho do Conectar Agro é a participação em diversos fóruns, inclusive governamentais, para discutir caminhos para superar os desafios de conexão.

 

Abaixo da média

 

Um dos principais municípios agrícolas do país, e reconhecido no mercado como voraz consumidor de tecnologia no campo –, Luís Eduardo Magalhães aparece com um Indicador de Conectividade Rural (ICR) de 0,2880. A média baiana é de 0,328. “O baixo Indicador de Conectividade Rural (ICR) na região do oeste da Bahia contrasta fortemente com seu potencial agrícola altíssimo. Enquanto os municípios nesta área exibem uma conectividade precária, são responsáveis por uma produção agrícola significativa, incluindo culturas como soja, milho, algodão, feijão e café”, comenta Paola Campiello, presidente do Conectar Agro. Para ela, essa desconexão digital limita o pleno aproveitamento de recursos naturais e a integração das comunidades rurais ao mundo digital, dificultando o desenvolvimento econômico e social. “É crucial habilitar a conectividade nessa região para desencadear seu verdadeiro potencial e promover um crescimento mais equitativo e sustentável”, defende.

 

Desafio da recuperação

 

O aumento nos números de pedidos de recuperação judicial no agronegócio preocupam o setor financeiro. Em 2023, a quantidade de pedidos feita por proprietários rurais que atuam como pessoa física aumentaram em 535%, de acordo com levantamento da Serasa Experian. Entre as pessoas jurídicas, a alta foi menor, de 26%. Dificuldades com questões climáticas e um cenário desafiador estão entre as principais explicações para o cenário. "A recuperação judicial é um instrumento jurídico válido, está na lei, mas pedimos que seja último passo. O nosso desejo é que o produtor nos procure, mostre o problema de liquidez, que nós vamos ajudar", respondeu Ricardo França, superintende executivo de agronegócio do Santander. "A partir do momento em que decisão é tomada, não tenho mais o que fazer", explicou durante conversa com a imprensa na Agrishow, em Ribeirão Preto.

 

Pé na Bahia

 

As licitações públicas para aquisições de tratores fazem da Bahia o principal mercado da Yanmar, gigante especializada na fabricação de tratores de pequeno porte, entre 26 e 105 cavalos de potência. O estado responde por 25% dos negócios da empresa no país. Mas de acordo com Fernando Figueiredo, gerente comercial da marca na América Latina, os clientes privados também são grandes apreciadores da marca no estado. "Nossa concessionária em Feira de Santana é a segunda mais importante do grupo", destacou durante encontro com a imprensa em Ribeirão Preto.

 

Por Correio24horas