Foto: Ricardo Stuckert / PR
O governo Lula anunciou nesta
segunda-feira (22) que a nova política industrial vai contar com financiamentos
de R$ 300 bilhões até o fim de 2026.
A nova política industrial do
governo será apresentada na manhã desta segunda-feira (22), durante reunião no
Palácio do Planalto do CNDI (Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial),
em evento no Palácio do Planalto
A proposta foi antecipada pela
Folha de S.Paulo. Ela prevê metas, diretrizes e medidas para os próximos 10
anos.
Segundo o governo, o plano prevê
R$ 300 bilhões para financiamentos destinados à nova política industrial até
2026. Além dos R$ 106 bilhões anunciados na primeira reunião do CNDI, em julho,
outros R$ 194 bilhões foram incorporados, provenientes de diferentes fontes de
recursos para dar suporte ao financiamento das prioridades da Nova Indústria
Brasil -como foi batizada a política.
"Para reverter a
desindustrialização precoce do país, a nova política prevê a articulação de
diversos instrumentos de Estado, como linhas de crédito especiais, recursos
não-reembolsáveis, ações regulatórias e de propriedade intelectual, além de uma
política de obras e compras públicas, com incentivos ao conteúdo local, para
estimular o setor produtivo em favor do desenvolvimento do país. É usar os
recursos públicos de forma responsável para atrair investimentos
privados", informou o governo, em nota.
"A política também lança
mão de novos instrumentos de captação, como a linha de crédito de
desenvolvimento (LCD), e um arcabouço de novas políticas – como o mercado
regulado de carbono e a taxonomia verde - para responder ao novo cenário
mundial em que a corrida pela transformação ecológica e o domínio tecnológico
se impõem", completa.
O texto traça metas e diretrizes
até 2033 a partir de seis missões, ligadas aos seguintes setores:
agroindústria; complexo industrial de saúde; infraestrutura, saneamento,
moradia e mobilidade; transformação digital; bioeconomia; e tecnologia de
defesa.
Autoridades que atuaram na
elaboração da política apontam que houve uma preocupação de incluir o poder
público em uma posição central do que chamam de neoindustrialização.
Seguindo essa lógica, as
empresas nacionais vão ser contempladas com duas iniciativas, linhas de crédito
com condições favoráveis, para que possam assumir serviços e obras do Novo PAC
(Programa de Aceleração do Crescimento), e também contratos com compras
governamentais.
O plano fala em linhas de
crédito, subvenções governamentais e subsídios na implementação da proposta de
transformação ecológica, mas não detalha os instrumentos nem como isso será
acomodado dentro das regras fiscais, cujo cumprimento já tem sido colocado em
xeque por economistas.
Entre os instrumentos de
contratações públicas para alavancar o desenvolvimento industrial do país, o
documento aponta que a Comissão Interministerial de Inovações e Aquisições do
Novo PAC irá definir os setores em que se poderá exigir a aquisição de produtos
manufaturados e serviços nacionais.
O plano fala que a exigência de
conteúdo local no âmbito do Novo PAC será implementada em etapas,
"ampliando progressivamente o rol de produtos e serviços sujeitos aos
requisitos", mas o documento não detalha os patamares de partida nem o
ritmo de aumento desses requisitos.
O governo também poderá lançar
mão de margens de preferência para produtos manufaturados e serviços nacionais.
Isso significa que determinados bens e serviços locais terão a preferência de
compra pelo poder público, mesmo que seu preço supere o de itens importados
concorrentes até um percentual previamente definido
Em cada uma das missões, o plano
traz metas aspiracionais, que servirão como um referencial para direcionar os
esforços a serem realizados pelo Estado no desenvolvimento da política
industrial brasileira.
Antes mesmo de ser anunciado, a
proposta já havia sendo alvo de algumas críticas, por reeditar medidas já
adotadas em governos petistas anteriores. O presidente da FPE (Frente
Parlamentar para o Empreendedorismo), Joaquim Passarinho (PL-PA) chamou a proposta
de "nova política industrial velha".
"Tudo nessa política é
fomento público, é financiamento público, seja BNDES, sejam outros bancos
públicos. Na minha opinião particular, há uma contradição, porque o governo diz
que precisa de dinheiro, quer arrecadar, arrecadar, arrecadar, quer cobrar mais
impostos das indústrias e ao mesmo tempo quer dar financiamento para
elas", afirmou.
O governo Lula, por sua vez,
defendeu que a proposta é "moderna" e angariada em experiências que
vem sendo implementadas por algumas nações desenvolvidas, como os Estados
Unidos e a União Europeia.
O Ministério do Desenvolvimento,
Indústria, Comércio e Serviços disse que o objetivo é implementar um projeto de
neoindustrialização com uma indústria "sustentável, forte e
inovadora".
"Baseada em práticas
internacionais, a nova política industrial representará melhora na vida das
pessoas, aumento da competitividade e da produtividade, mais empregos, inovação
e presença no mercado internacional", afirmou a pasta, em nota.